Pois é! Com tantos comentários nem sabia por onde me havia d virar para responder! -.-'
Anyway! Aqui fica o maldito do final do capitulo 11 q me custou como tudo a escrever!
espero q gostem!
Já agora, para que se note, a totalidade deste capitulo... são 16 páginas de word... acho que quando acabar, esta fic poderia dar já um livrito grande! XD
__________________________________________________________________________________________________________Capitulo 11
Sentimentos Revelados
Da tenda ao lado, Changmin conseguia ouvir as vozes e os risos das raparigas. Perguntava-se se Munny teria pensado na conversa que tinham tido. Tinha que voltar a falar com ela. Havia algo que ela tinha que saber, algo que lhe devia ter contado na noite anterior, algo que lhe teria contado se Ahri não o tivesse interrompido. Olhou Yunho, conseguia perceber o que ia na mente dele mas não percebia porque não admitia ele as coisas de uma vez por todas.
***
Lee Junki entrou na tenda e cumprimentou todas com um sorriso que parecia saído de um anúncio de pasta de dentes e um arrojado e amigável, talvez de mais, “Bom-dia”.
Ahri levantou os olhos do guião que lia enquanto a maquilhavam: – Bom-dia. Acho que te enganaste na tenda. – disse ela com um sorriso – É a do lado.
Nayo olhou-o de lado: – Eu acho que ele está exactamente onde queria estar.
Ele sorriu novamente: – Vim apenas dizer “Bom-dia” às meninas.
– Correcção, tu querias dizer “Bom-dia” à Ahri. – observou Munny
Não lhe respondendo ele limitou-se a sorrir.
Nayo abanou a cabeça e ignorou-o murmurando algo entre dentes que ninguém conseguiu perceber mas que fez Ahri sorrir. Olhou Junki: – Obrigado e até logo.
– Até logo. – disse ele afastando-se ainda a sorrir.
Lili virou-se para Ahri: – Ele ta interessado.
Bony soltou uma gargalhada: – Boa, Sherlock Holmes! A verdadeira questão é: estará ela interessada também?
Shyra, que se mantivera a ler a sua revista japonesa preferida enquanto lhe arranjavam o cabelo calou-as todas com uma simples frase deixando Ahri sem qualquer argumento: – Por muito que o Lee Junki esteja interessado, ele não é o Yunho.
Nayo soltou uma sonora gargalhada e as outras juntaram-se-lhe. A rapariga que estava a maquilhar Ahri disse-lhe que já tinha terminado e esta saiu à velocidade da luz sem sequer olhar as amigas. Não queria ter um rumo ou pensar no Yunho, apenas caminhar debaixo do céu maravilhosamente azul. Um pouco mais a frente, quase no final da “rua” de tendas, deparou-se com uma cena que parecia saída de um dos seus sonhos: um rapaz alto, com talvez 1.80m e tal, costas voltadas para ela, ombros largos e braços fortes mas não muito musculado, acariciava gentilmente a crina de um cavalo tão branco quanto a neve. Os longos cabelos castanhos-claros estavam atados a meio da nuca por uma tira de couro tão negro quanto as vestes compridas de guerreiro. Com toda a certeza era um figurante ou um outro actor do elenco que ela desconhecia. Caminhou para ele como que hipnotizada.
Os cabelos eram tão longos que lhe davam pelo meio das costas mas o cabelo, do meio da nuca para baixo, eram curtos. Visto assim, de costas, ele quase parecia um dos elfos das histórias de Tolkien. Sem pensar, levou a mão ao cabelo macio e sentiu a leveza e suavidade de cada fio.
– Uau! Quase parece real. – disse ela em coreano – Fica-te muito bem… – o choque que sentiu fazer o rapaz estremecer quando este se virou para ela percorreu-lhe também o corpo quando lhe viu a face.
– São extensões… – a voz morreu-lhe na garganta. O olhar dela continuava preso nos cabelos e no rosto que estes emolduravam. Estavam pintados da cor do fogo e caiam-lhe numa cascata de ondas pelas costas, claramente eram extensões também, mas parecia o seu cabelo verdadeiro. Os olhos negros pareciam flamejar sob aquele manto de fogo como se estivessem já habituados a ele. Depois de uns momentos a olharem-se sem conseguirem exprimir qualquer tipo de som ou palavra, ele apercebeu-se de algo: – Tu falas coreano? – perguntou mais uma vez espantado, perguntou-se quantas mais surpresas ela ainda lhe reservaria; era uma sensação que não estava habituado, poucas eram as pessoas que o conseguiam surpreender tantas vezes e em tão pouco tempo contra aquilo que ele suponha que essas pessoas fossem. Aquela miúda era sem qualquer sombra de duvida uma pequena caixinha de surpresas e contra o seu melhor julgamento, surpresas que lhe agradavam sem mesmo que o soubesse.
Ela deu um passo atrás.
– Corta! – disse uma voz do outro lado da rua de tendas.
Viraram-se ambos a tempo de ver o realizador com um sorriso de orelha a orelha: – Vocês os dois estão perfeitos. E parece que não é só para as vossas personagens, se é que me entendem. Não achas…. Yunho?
Yunho sorriu e Ahri corou incapaz de esconder o embaraço perguntando-se como é que o trinca espinhas conseguia manter a pose e sorrir se a única coisa que ela via nos olhos dele era a vontade de esganar o realizador ali mesmo e fazer desaparecer o corpo para que não restassem quaisquer provas.
– Bom dia, director. – disse Ahri.
– Bom dia, minha querida. Espero que tenham tido algum tempo para ler os vossos guiões.
Yunho puxou de algo debaixo das vestes e mostrou um maço de folhas como o que Ahri trazia na mão. Acabaram por acenar os dois afirmativamente embora Ahri continuasse a olhar Yunho francamente espantada com a sua rápida aprendizagem de como usar aquele tipo de vestimenta para guardar aquele maço de papéis.
– Muito bem – continuou o realizador – Quero que comecemos a ensaiar a cena 13 do capítulo 2.
– Capitulo 2? Não vamos começar pelo capítulo 1? – perguntou Ahri.
– Não. – explicou o homem com um sorriso – Vamos começar pelo 2º porque é uma serie pequena e queria que fosse uma cena que vos ligasse logo à partida. Como é obvio já começamos a filmar as cenas em que vocês não aparecem.
Yunho perdera o sorriso. Olhava o homem de forma seria e quase e se quase desprezo: – Porquê a cena 13? Podíamos começar por qualquer uma das outras. Porquê esta?
O homem sorriu: – Porque vocês vão ser um casal, quero que aprendam a comportar-se como tal.
– O quê? – perguntou Ahri perplexa – Ele é o Shin?
Yunho lançou-lhe um olhar de escárnio: – Não sabias?
– Tu sabias que eu era o teu par?
– Sim.
– Claro que sim. – observou ela com a voz carregada de ironia
– Estou a falar a serio!
– Oh! Mas eu sei que estás. – observou ela – Bem, desculpa mas não sou bruxa para adivinhar.
Yunho sorriu: – Tens certeza?
Ela lançou-lhe o seu melhor olhar assassino: – Afinal qual é a cena 13 para estares tão stressado?
– Chegas a saber alguma coisa? – perguntou ele irritado
Ela cruzou os braços sobre o peito e virou-lhe a cara: – Desculpa se não sou perfeita como tu. Sou uma mera mortal.
– Estou a ver que vos escolheram a dedo para o papel. – observou o homem com um sorriso. Olhou em volta e chamou uma rapariga que estava dentro de uma tenda próxima e pediu-lhe que acompanha-se Ahri e Yunho até ao local das filmagens onde iriam decorrer os ensaios.
A rapariga olhou Yunho e corou até à raiz dos cabelos, não era que não parecesse que estava embaraçada, era mais transparecer. Sempre de cabeça baixa, acompanhou-os até uma bonita clareira onde já estavam montadas as câmaras, as telas brancas para deixar passar apenas a luz adequada e todos os outros artefactos necessários para filmar um filme ou mini serie mas que ela não conseguia descortinar a função. Yunho estava a “jogar em casa”, estava habituado àquela parafernália cinematográfica, aos termos, o que fazer e não fazer e o tipo de postura a ter.
Para Ahri, tudo aquilo era demasiado novo. Sabia que até nem era má actriz por causa das peças de teatro em que participara e pequenas brincadeiras entre amigos, no entanto, tudo aquilo estava a deixa-la nervosa.
– Não fiques nervosa. – disse-lhe Yunho de maneira que apenas ela o escutasse – Sei que eles percebem bastante disto muito mais que tu mas imagina-os a cantar. Eles não sabem tudo.
Ahri ficou atónita a olha-lo.
Ele sorriu-lhe: – Não fiques assim. É o que costumo fazer. Experimenta imagina-los a cantar.
Ahri observou o grupo de técnicos e staff e puxou da imaginação.
Estivera preparado para ouvir o riso cristalino dela mas a reacção que tinha sobre ele era algo para o qual parecia nunca estar preparado. Era como se o ar se houvesse enchido de música, como se o seu coração houvesse saltado uns quantos batimentos.
Riu com ela sem se aperceber, era fácil esquecer-se de tudo com ela, era fácil esquecer-se de usar a sua máscara quando ela estava por perto. Aliás, difícil era mantê-la.
Quando se aperceberam que toda a equipa os olhava como se fossem malucos calaram-se mas à medida que avançavam para as suas posições tinham que conter o riso cada vez que cruzavam o olhar com um deles. Picavam-se um ao outro com cotoveladas e leves encontrões.
Ahri sentou-se na cadeira e olhou o guião. Perguntava-se como raio é que uma cena assim lhe passara ao lado. Leu o texto fazendo de tudo para decorar as frases, não seria muito difícil visto que a personagem não era muito diferente de si. O que era realmente difícil era tentar decorar as frases sabendo o que teria que fazer a seguir, manter a mente clara para se concentrar era sinceramente algo muito difícil naquele momento. Olhou o compenetrado Yunho e perguntou-se qual seria o truque dele para decorar as suas linhas, como é que o conseguia fazer sem pensar no que estava para vir? Até certo ponto admirava a capacidade dele de separar as coisas e ser objectivo no trabalho e na vida pessoal ainda que isso apenas fizesse dele uma pessoa fria. Olhou a equipa de filmagens enquanto estes terminavam os últimos detalhes. Ele fora simpático ao ajuda-la com os nervos. Perguntava-se porque o haveria feito uma vez que fazia questão de estar sempre a discutir com ela. Olhou novamente o texto, a sua personagem estava sempre a discutir com a personagem de Yunho, essa parte não seria de todo difícil.
– Que fofos! – exclamou uma voz à frente deles fazendo-os olhar ao mesmo tempo para cima e para fora das folhas que liam – Parecem mesmo um casal e estão tão concentradinhos a estudar.
– Lee Junki!
– Jong Yunho.
Ahri olhou-os espantada: – Olá novamente, lee. – disse ela e voltou-se para Yunho – Que raio se passa contigo Yunho? Que mal te fez ele?
– Porque raio é que o estás a defender? Eu não lhe disse nada de mal – observou ele carrancudo.
Ela franziu o sobrolho: – Não, não disseste. Mas o teu olhar podia ter morto alguém!
Enquanto sussurravam um ao outro a sua picardia, Junki começava a não achar muita piada àquela troca de segredos. Pôs o seu melhor sorriso: – Vocês estão a faze-lo novamente.
Eles voltaram-se para ele com a interrogação escrita no olhar.
– A portar-se como um casal que já está casado à 50 anos. – observou ele com um toque de gozo na voz só para adicionar um pouco mais de piripiri a uma questão já de si “picante”.
Ahri e Yunho afastaram-se automaticamente.
– Ora, ora. Lee Junki. Encontramo-nos novamente. – disse uma mulher muito bonita aproximando-se. Ela parecia estar, talvez, já na casa dos trinta e poucos anos ou mesmo no final dos vinte. – Há quanto tempo.
Ambos viram a expressão de puro aborrecimento ou até mesmo irritação que ele fez quando a viu antes de mudar a expressão para um sorriso casual: – Olá Hey Jee. – disse ele.
Um dos membros do staff chamou Yunho e Ahri e ambos, por razões diferentes, respiraram de alivio por sair dali. No entanto, a alegria de ambos apenas durou um instante. O ensaio da cena 13 ia começar.
Tal como o olhar de Yunho, o de Ahri também mudou.
Entrar na personagem era muito mais fácil do que pensara, discutir com Yunho tornara-se algo natural muito embora o Yunho que agora tinha a sua frente estivesse também dentro da sua personagem em cada gesto e em cada resposta sabia que ele estava lá “dentro” à espera que ela pusesse a “pata na poça”. Sabia que a sua personagem tinha que agarrar num arco e disparar sobre a personagem de Yunho falhando por milímetros. O director havia dito que ela não tinha que fazer essa parte, bastava tentar disparar a toa, sem acertar em Yunho como era obvio, que um “stunt” faria com que seta acerta-se na arvore ao lado de Yunho. Tinha a certeza absoluta que Yunho esperava rir-se na cara dela quando a visse a pegar no arco e agir como uma tontinha. Como ele estava enganado.
Na sua personagem, Yunho virou-lhe as costas: – A minha resposta é Não. Diga o meu pai o que quiser. Pegai no vosso séquito e voltai para de onde viestes.
O realizador ia mandar parar a cena no entanto ela já pegara no arco e deixou correr imaginando que ela faria como ele lhe indicara e fez sinal para que deixassem seguir a cena, no mínimo esperava-o uma boa gargalhada.
Ahri pegou no arco. A sua personagem atirava uma seta para a árvore mesmo ao lado do príncipe, assim que ele começasse a entrar na floresta, apenas para o irritar.
Um zunido agudo rasou a orelha direita de Yunho e um profundo “plock” ouviu-se na arvore mesmo ao seu lado; virou-se para ver uma seta espetada na arvore mesmo ao seu lado e voltou-se para Ahri como uma expressão de puro espanto: – Tu… tu…
Ahri teria soltado uma gargalhada de puro escárnio se não tivessem a filmar, por muito que estivesse na personagem a expressão que lhe inundava o rosto não era actuação, era a realidade. Manteve-se firme e na sua personagem: – Pensáveis que só na Ásia se usavam arcos e flechas… excelência? – perguntou ela – O meu país está em guerra, todos nós temos que pegar em armas para defender o que amamos!
– Então… à tua chegada… – articulava ele. Ahri percebeu que batalhava para se manter na personagem.
– A carruagem vinha vazia. As mulheres da minha família são eximas guerreiras. Eu vinha a cavalo com outras mulheres.
– As tuas aias…
– Tem muito pouco de aias!
Yunho fitou-a de expressão dura: – Que me vais fazer então? Matar-me? Só vais arranjar mais um país com quem entrar em guerra.
– Não que não desses uma boa almofada de alfinetes… – fitou-o longamente – Porque me salvastes ontem?
– Sois uma princesa, convidada de meu pai!
– A proposta de Rhus ajudaria o vosso país a entrar nas grandes rotas comerciais, também não gostas muito de mim. Ser aliado da Russia seria um trunfo inimaginável.
Ele não respondeu continuando a olhar o arco que ela ainda agarrava, esta atirou-o para o chão aos pés dele: – Ainda estás a tempo de aceitar.
– Sois inacreditavelmente teimosa para alguém tão pequeno.
– Não me respondestes.
Yunho fechou o espaço que os separava em meros segundos agarrando-a por um braço: – Não me tentes!
– Porquê?
– Porque…
Ficaram um longo momento a olhar-se nos olhos.
As câmaras a rodar à sua volta faziam-lhe impressão, tinha a noção que uns 15 pares de olhos os miravam e esperavam a conclusão da cena.
– Porque não consigo… não consigo resistir.
Foi como se o tempo parasse e tudo e todos à sua volta se esfumassem, nos olhos dele via o seu próprio reflexo como um espelho de diamantes castanho-chocolate que lhe derretiam a alma. De alguma forma parecia que as palavras que dissera transcendiam o personagem e o guião e eram dele e não de outrem; era bom actor mas não era assim tão bom, ou pelo menos era o que ela desejava. Sentiu a respiração quente e ofegante na sua face à medida que ele cumpria o guião e se aproximava dela para a beijar, quase sentia o calor dos lábios dele nos seus quando um barulho ensurdecedor de vidros a baterem em metal encheram a clareira silenciosa e expectante despertando-os a todos e fazendo o director gritar um “Corta!” enraivecido, olhou na direcção do barulho para ver Junki a ajudar a filha a erguer-se.
– Desculpem! Ela tropeçou. – pediu Junki. Por um momento, apenas por um momento, Ahri pensou ver um brilho malicioso no olhar dele, no entanto, àquela distância, podia estar a imaginar coisas.
Esbracejando aos céus a incompetência e falta de jeito de certos actores e actrizes, o director mandou parar toda a gravação dando ordens para que aquela cena fosse apenas filmada de tarde para poderem substituir as lentes que se haviam partido e os holofotes. Ou pelo menos Ahri pensava que eram holofotes, quando se voltou para perguntar a Yunho este havia desaparecido, encontrou-o já quase fora da clareira a seguir pelo trilho que a rapariga lhes havia indicado para chegar ali.
– Raios partam o homem mais a porcaria do feitiozinho da merda! –bradou ela em português. Grata por nenhum dos membros do staff, que a olhavam espantados, a conseguir perceber, acabou por também ela sair da clareira.
Quando entrou na sala de convívio parecia que tinha entrado numa espécie de portal que a levara atrás no tempo, todos estavam vestidos de gala menos Yunho.
– Estamos a filmar a cena do baile! – exclamou Lili em tom de resposta ao ar de espanto de Ahri.
– WOW! – exclamou ela ao ver Nayo
A outra ficou com uma expressão carrancuda: – Que foi?
– Estás linda! – observou Ahri olhando-a longamente enquanto lhe passava a mão pelos bonitos cabelos encaracolados aos quais também tinham feito extenções e pintado de vermelho tal como os seus – Pronto! Agora já não podes dizer que não parecemos irmãs! – exclamou ela rindo.
– Baka! – exclamou a outra corada e suprimindo o riso.
– Mas a sério que estás linda.
– Está, não está? – perguntou Yoochun aproximando-se e pondo-lhe uma mão por cima do ombro.
– Pára com isso. – sussurrou Nayo tirando-lhe a mão de cima dos ombros.
Apesar de estranhar a súbita “gentileza” da morena, agora ruiva, Ahri interveio antes que ela responde-se torto ao pobre e apaixonado rapaz: – A Munny?
– Está na varanda, acho eu. – respondeu Lili enquanto conversava alegremente com Leeteuk e Donghae.
Saiu da sala porque Yunho a olhava como se ela fosse um animal mitológico muito perigoso mas não em adoração mas sim em vontade de matar. O tipo mudava de humor como o diabo mudava de camisa, perguntava-se se ele não teria dupla personalidade ou algo do género, ainda assim, com aqueles cabelos compridos, sentia-se demasiado fora de si para o poder enfrentar como devia ser. Aquele cabelo ficava-lhe demasiado bem para poder ter um qualquer tipo de argumento minimamente coerente com ele.
Changmin estava sentado ao lado de Munny: – Estás muito gira. Pareces uma princesa dos contos de fada.
– Bateste com a cabeça onde?
– Ao que parece… nas nuvens.
Ela franziu o sobrolho em puro espanto: – Estás-te a atirar a mim?
– Prefiro o termo cortejar.
Ela soltou uma gargalhada: – Tens umas piadas giras.
– Não estou a brincar, nem estava esta manhã. – observou ele muito serio – Gosto muito de ti. E acredita que custou admiti-lo.
– Conheces-me há dias! – exclamou ela – Não podes estar bom da cabeça.
– Eu posso proteger-te! Só não me negues nem faças mal a ti própria. Eu lembro-me. Eu lembro-me do passado. De nós, rapazes, eu sou o único ou pelo menos nenhum deles comentou nada de relevante. Eu lembro-me de tudo, por favor, confia em mim.
Antes que Munny pudesse falar, devido ao choque, uma outra voz também notoriamente chocada antecipou-se: – O quê? – uma Ahri branca como o cal fitava Munny e Changmin como se fosse desmaiar no momento seguinte.
Munny olhou Changmin como que a culpa-lo por ter falado de mais e correu para Ahri. Changmin seguiu-a e Ahri agarrou-se ao colarinho dele: – Quero saber tudo! Conta-me o que sabes! – exclamou ela a beira das lágrimas.
Sem conseguir processar o que se estava a passar a 100%, foi a vez de Changmin ficar chocado: – Tu… tu…
– Não sou só eu… todas nós! – observou ela.
Uma gota de suor frio percorreu-lhe as costas enquanto se perguntava como é que aquela rapariga tinha o dom de estar sempre no sítio errado à hora errada: – Ouve… eu só me lembro da Mélanie.
Ela agarrou-lhe o colarinho com mais força e olhou-o tão fundo nos olhos que Changmin que Changmin jurou que ela estava a ver para além deles: – Estás a mentir.
Teria ficado irritado por ser chamado de mentiroso, ainda que neste caso fosse verdade, no entanto, aquela frase fora dita com uma nota de tristeza tão grande que chegou a ter pena dela.
– Disseste que te lembravas de tudo! – voltou ela a insistir.
– Tudo o que diz respeito a ela. – olhou-a e foi como se algo o impelisse a dizer a verdade àqueles olhos carregados de preocupação, duvida e medo – Tu já tinhas morrido quando a conheci… a mãe dela também.
Ele não saber nada não implicava uma frase que usara antes: – Então porque mencionas-te os outros?
Changmin ficou sem palavras. Não tinha como lhe responder àquilo: – Eu… desculpa. Não há mais nada que te possa dizer.
Yunho deambulava pelos corredores quando se deparou com Junki encostado à parede ao lado da porta da varanda. Aproximou-se dele. Tinha deixado uma impressão errada, tinha que remediar as coisas: – Acho que começamos com o pé errado.
Junki sorriu: – Eu compreendo o teu ataque de ciúmes.
Yunho franziu o sobrolho: – Não foi um ataque de ciúmes.
Junki riu.
– Esquece! – bradou Yunho – Começamos mesmo com o pé certo! – exclamou afastando-se.
– A Ahri é minha.
Yunho parou e olhou-o: – Desculpa?
– Perdes-te! Agora afasta-te!
Yunho fitou-o e brindou-o com o seu melhor sorriso irónico: – Não querendo dar uma de convencido mas agindo como um: acho que foste tu que começaste com o pé errado.
– Desculpa? – perguntou o outro confuso.
– Não estamos a falar de uma caixa de sapatos, estamos a falar de uma rapariga que sente. – observou Yunho irritado mas aparentando calma.
– Tens uma seria obsessão por pés, não tens? – perguntou Junki desdenhoso.
– Não! E também não sou cego! Vi logo através desse sorrisinho falso, além de que, só um cego não vê que eu e a Ahri estamos apaixonados um pelo outro… ainda que o neguemos!
Junki riu: – Quero ver isso, liderzinho, quero ver isso. – disse afastando-se da parede e aproximou-se de Yunho sussurrando – Eu nunca perco, Jong Yunho, não vou começar agora!
Afastou-se e Yunho encostou-se à parede. De todo aquela não era a sua semana de eleição. Então reparou nas vozes que vinham da varanda reconheceu a voz de Changmin e o sangue gelou-lhe nas veias quando se apercebeu do que ele dizia.
– Tu já tinhas morrido quando a conheci… a mãe dela também. – dizia Changmin num tom de voz notoriamente abalado.
A voz de Ahri fez-se ouvir: – Então porque mencionas-te os outros?
Que raio estariam a falar? Estariam a ensaiar para o drama? Não se lembrava de nada assim no guião. Ouviu Changmin pedir desculpa e dizer que não podia dizer mais. Mas que raio se passava ali?
Ahri apareceu vinda da varanda e fitou-o de olhos arregalados como se tivesse acabado de ser atingida por um raio. Estava num tal nível de choque que nem conseguia falar.
– Que foi? – perguntou ele irritado – Assusto-te assim tanto?
– Tu… tu… ouviste? Que tipo de pessoa anda a escutar atrás das portas?
Yunho ficou tão irritado com aquilo que acabou por se esquecer que o que ouvira era algo que não devia ter ouvido: – Mas quem raio pensas tu que és para andares a assumir o que quer que seja do nada? Acabei de aqui chegar!
Changmin apareceu e ficou também gelado: – Hyung…
Munny soltou um “Oh meu Deus” que gelou Yunho. Que raio tinham estado eles a falar?
– Não ouviste mesmo nada? – perguntou ela parecendo mais calma e mais composta.
– Não! – respondeu e antes que pudesse dizer algo já ela estava em movimento e a paço apressado. Foi atrás dela sendo seguido por Munny e Changmin.
– Espera aí minha menina! – exclamou ele agarrando-a por um braço – Ninguém me fala assim e me vira as costas!
– É porque estás mal habituado! – olhou a mão dele no seu braço – Larga-me!
Atrás de Yunho Munny repreendia Changmin: – Porque raio tinhas que ter dito aquilo? Porque não deixas o passado onde está? Esta é outra vida… – virou-se para o lado certa que falara de mais. Yunho olhava-a de olhos arregalados continuando a segurar Ahri por um braço.
Ele virou-se para Ahri que o fitava horrorizada. Olhou-a e depois largou-a. Parecia confuso mas para grande desespero de Ahri parecia ter percebido algo que ela desejava ardentemente que ele não soubesse.
– Tu? De todas as pessoas… TU?
– Não sei do que estavas a falar. – disse-lhe ela.
Yunho apercebeu-se, então da razão de toda a picardia: – Tu sabias! Sempre, desde o primeiro momento… TU SABIAS!
Ela pôs um ar casual: – Eu sabia o quê? Que tu eras parvo? Sim! Desde a primeira hora!
Mirou-a afincadamente e confuso… depois Munny. Seria possível que ela não soubesse… a conversa da varanda, aquela frase de Munny, estariam ligadas? Não podia dar a entender algo que o pusesse em posição desvantajosa.
– O que é que não me estás a contar? – perguntou ele.
Ela olhou-o com indiferença: – Nada… pelo menos que te diga respeito. Não me és nada para te contar o que quer que seja!
Afastou-se entrando na sala de convívio.
Yunho entrou atrás dela: – Respeito? Lá sabes tu o que é isso!
Dentro da sala todos os miraram. Para variar estavam a discutir. Nayo olhou Ahri apreensiva, a irmã estava tensa, aquela discussão era diferente e conseguia lê-lo nos olhos dela, Ahri estava abalada e Munny, que entrou atrás dela olhou-a com ar de culpa.
– É preciso ter lata! Tu a falar em respeito? Nunca me respeitas-te e falas em respeito?
Yunho revirou os olhos: – Anda meio mundo atrás de ti e afinal não sei até que ponto isso não te agrada, se calhar fazes de propósito!
– Estás a passar das marcas, Yunho!
– Porquê? Porque até gostas do Junki?
– Estás novamente a dizer tolices! Queres levar outra lambada? Tenho todo o prazer em satisfazer a vontade! – ameaçou Ahri.
Olhou-os enquanto discutiam. De algum modo as palavras que lhes saiam da boca pareciam estar isoladas dos gestos dos seus corpos. À medida que a discussão acendia eles aproximavam-se instintivamente um do outro sem sequer notarem esse facto. Foi quando já estavam perigosamente perto um do outro que Yunho se viu, de súbito, sem argumentos. Changmin observava, divertido, Yunho a vasculhar a mente por um argumento para lhe atirar quando Yoochun e Jaejoong se juntaram a ele, levou apenas um dedo aos lábios para lhes pedir que não fizessem barulho. Notou que ambos estavam propositadamente a desviar a conversa do assunto anterior.
Então Changmin viu algo que não tinha ainda visto Yunho fazer, já o vira perder a razão com uma outra rapariga e até chatear-se com antis ou mesmo com fãs mas o nível de Ahri parecia diferente para ele. Como se não se quisesse controlar ou escondesse algo. Olhou novamente os olhos dele e percebeu instintivamente qual das duas hipóteses era a correcta.
Yunho escondia aquilo que olhar dele revelava. À distância seria quase impossível perceber mas perto um do outro, pelo simples passo que os separava, Changmin percebeu que o olhar dele alternava dos olhos dela para os lábios. Então, por mais que eles não quisessem admitir os seus corpos faziam-no por si. Era por isso que desviavam a conversa do assunto que originara aquela discussão, no fundo, ambos sabiam a verdade.
Yunho deu dois passos rápidos em direcção a ela, por seu turno ela tentou recuar mas mal dera um passo e deparara-se com o aparador da sala ficando imobilizada entre o móvel e Yunho. As palmas das mãos dele bateram no tampo do aparador mesmo ao lado das mãos dela. No olhar dela havia medo. Não que fosse medo dele mas sim um medo diferente, como se tivesse medo que ele reagisse como ela queria.
De súbito Yunho olhou-a fixamente nos olhos e afastou-se uns 2 metros. Agora Changmin tinha a confirmação da sua teoria. Vira claramente os olhos dele alternarem dos lábios dela para o olhar.
– Cobarde! – acusou Ahri.
Yunho atravessou o espaço que os separava a uma velocidade que Ahri pensou ser sobre-humana. Num momento estava do outro lado da sala a olha-la com puro desdém nos lábios e no outro agarrava-a por um pulso enquanto a abanava furiosamente: – Repete! – insistia ele enfurecido.
Todos na sala os miravam atónitos, era preciso muito pouco, mas mesmo muito pouco, para aqueles dois começarem a discutir… feio!
– Vá! Grita pelo teu querido! Chama o JunKi! – exclamava Yunho.
Ahri tentava libertar-se dos grilhões de ferro que eram as mãos de Yunho nos seus pulsos: – Eu não preciso dele, não contra ti. – disse-lhe ela azeda. Yunho aumentou a força sobre os pulsos dela – Au! Estás a magoar-me!
Yunho viu a dor sincera que os seus olhos exprimiam. Largou-a por automático, as pernas dela cederam e ela ficou sentada no chão a esfregar os pulsos. Ninguém na sala dizia nada, ninguém se atrevia pois aquela cena podia acabar muito bem ou muito mal.
– Levanta-te! – ordenou Yunho – Estás a ouvir?
Ahri levantou-se e pela segunda vez o grupo assustou-se com o som cortante da mão de Ahri a acertar em cheio na face de Yunho. Ele ficou naquela posição um momento pedindo forças para não retribuir o gesto. Olhou novamente para ela apenas para a ver fugir porta fora. O coração parou-lhe no peito e o sangue gelou-lhe nas veias: ela tinha fugido a chorar.
Praguejou em voz alta e saiu a correr atrás dela.
– Espera, Yunho! Não. – chamou Nayo correndo atrás dele.
Shyra e Yoochun tentaram impedi-la: – Deixa-o. – disse Yoochun
– Isto é com eles. – dizia Shyra.
Nayo fugiu do aperto do punho de Yoochun: – Isto pode-se descontrolar se aqueles dois idiotas não abrirem os olhos. – disse ela correndo saindo pela porta seguida de Jae.
Shyra e Yoochun olharam-se e foram atrás deles.
Os restantes presentes na sala olharam-se e seguiram-nos também. “No mínimo é um espectáculo e tanto” como tão bem dissera Changmin.
Ahri apenas parou na clareira onde haviam filmado essa manhã porque esbarrou com algo. Nem teve tempo de se aperceber o que era que a agarrava, agora, pelos ombros porque uma mão férrea a puxou de lá.
A mão férrea na sua cintura fê-la girar sobre os calcanhares e outra mão agarrou-lhe a nuca fixando-a contra um peito ofegante, ficando ambas as mãos a agarra-la protectoramente.
– Qual é o teu problema? – perguntou a voz que reconheceu como a de JunKi. Então havia esbarrado com ele.
O peito contra o qual estava encostada e que a protegia tão afincadamente pareceu tremer de raiva. Então a voz fez-se ouvir. A voz pertencia ao corpo que lhe dava aquela sensação de segurança falou num tom forte, compassado e contido mas severo: – Porque estás sempre onde ela está? – perguntou Yunho e Ahri foi percorrida por um choque eléctrico. Era Yunho. Olhou para cima, para lhe tentar ver melhor a face, esperando estar redondamente enganada e ele cingiu-a mais contra sim.
– O mesmo te podia perguntar eu. – observou o outro.
– Já te disse o que era uma vez. – observou Yunho – Só não vês se não quiseres, a verdade está mesmo a tua frente.
JunKi riu: – Pensas que estamos na idade da pedra? – perguntou jocoso – Vais agarra-la pelos cabelos e arrasta-la contigo, é isso?
Os outros chegaram a correr juntando-se à já assistência da cena: Nayo, Jae, Shyra e Yoochun.
Nayo começava a achar que algo havia acontecido a Ahri. De maneira alguma, a irmã de alma, se manteria calada frente a tudo aquilo, pelo menos não a Ahri que conhecia.
Foi como se os seus pensamentos houvessem sido ouvidos por ela. Ahri empurrou um muito surpreso Yunho e lançou um olhar aniquilador a um JunKi que ostentava um sorriso que Nayo apenas conseguiu comparar ao de uma raposa. Numa coisa tinha que concordar com Yunho: o Lee JunKi andava a tramar alguma.
– Parem os dois! – gritou ela – Eu não sou um objecto. Se pensam que podem brincar comigo como se eu fosse uma boneca de trapos, estão muito, muito enganados mesmo!
Ela fez menção de sair dali. JunKi tentou agarra-la por um braço mas Yunho foi mais rápido: – Eu não ando a brincar contigo.
– Parece…
– Tu é que andas a brincar comigo.
Ahri tê-lo-ia morto com o olhar se tal fosse possível: – Desculpa? Andas a ver muitos filmes. Eu não sou como tu!
Com um safanão soltou-se dele
Antes que JunKi a voltasse a agarrar, Yunho agarrou-a novamente por um pulso mas não foi rápido o suficiente. Ao mesmo tempo que os amigos corriam para eles para tentar evitar nova discussão, Lee JunKi agarrou a outra mão de Ahri e uma luz ofuscante cegou-os com uma força como a de uma explosão silenciosa lançando-os em voo no que parecia um abismo sem fim.
A última coisa que Ahri conseguiu ver foi a luz, depois… depois apenas as trevas se lhe seguiram.